Salt e os finais abertos

Salt é um filme policial de 2010, estrelado por Angelina Jolie. Apesar de eu não ser uma consumidora de livros policiais, eu sou fascinada por séries de tv e filmes do gênero.

E esse nem é o primeiro filme policial com ela que eu assisto: O colecionador de ossos (um dos meus preferidos) e Sr e Sra Smith, para citar alguns.

Bom, a premissa de Salt é boa: espionagem russa dentro dos Estados Unidos. O filme realmente começa quando a agente da CIA, Salt (Angelina Jolie), é acusada de ser uma espiã russa infiltrada. Os caras da CIA piram e a deixam sob vigilância, que não dura muito porque a mulher é esperta e foge em busca do marido.

Até aí tudo bem, você pensa consigo “ela casou com o cara que salvou a vida dela, e agora ela quer salvar a dele” – isso é bonito, isso é bacana, mas a vida não é perfeita e dizem por aí que “a arte imita a vida”, ou seja, uma reviravolta vai acontecer.

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ALERTA: a partir daqui o texto pode conter spoilers. Continue por sua conta e risco!

Eu até agora me pergunto se o marido alemão da Salt tinha qualquer envolvimento com as agências “secretas” ou não, porque afinal, o cara conseguiu salvar a vida dela quando ela estava presa na Coreia sendo torturada e prestes à morrer.

Só que a acusação não foi falsa. Ela foi mesmo treinada desde cedo para se infiltrar na CIA e matar o presidente da Rússia e, posteriormente, o dos Estados Unidos. Mas as coisas ainda não são como parecem e é aí que quem está assistindo acha que o filme tá começando de verdade.

Ela não matou o presidente russo como todos pensaram, e enquanto isso não foi descoberto, ela se juntou com os antigos coleguinhas da escola de espiões e matou geral. Agora fica a questão: matou porque já ia fazer isso mesmo, ou só matou porque mexeram com o que era dela?

Sem marido, sem amigos e de cabelo preto (finalmente), ela continua nesse jogo duplo e a gente nunca sabe o que esperar da próxima cena: vilã? mocinha? nenhuma das alternativas?

Angelina Jolie as "Evelyn Salt" in Columbia Pictures' SALT

O desenrolar da narrativa eu não vou contar em detalhes, até porque não é um resumo do filme, não é? Mas o que me incomodou é que o filme fluiu bem até certo ponto, mas, quando achei que a história teria um desfecho, o filme acabou.

Um dos colegas mais chegados de Salt na agência também era espião russo (o Ted, interpretado por Liev Schreiber) e por muito pouco não deu início a uma guerra lançando bombas onde não devia. Salt conseguiu salvar o dia, o presidente, mas as coisas estão longe de ficarem calmas. Mais agentes estão espalhados por aí prestes a concluir a missão e alguém precisa detê-los. Como protagonista, não espera-se que seja outrem a dar cabo dessa maluquice senão Salt.

Mas aí, quando ela consegue convencer o outro agente, Peabody (Chiwetel Ejiofor), a libertá-la porque ela é a única capaz, o filme acaba!

Sim!!! O filme acaba e aí? Nada? Ela consegue? O filme teve uma parte dois e o google não me avisou?

Alguns filmes mais cabeça costumam ter esses finais sem encerramento da história, é compreensível porque o pessoal entendido/apreciador de cinema gosta de debater horas sobre as milhares de possibilidades e interpretações e nuances ao longo da película que podem resultar em n possibilidades. Mas não me parecer ser o caso desse filme.

Quando é o caso de uma série de filmes é até compreensível a deixa de “continuará no próximo episódio”, mas um filme solo, que começa sem dizer a que veio e termina me deixando no vácuo é meio chato, para não ser deselegante.

Passei pouco mais de uma hora sem saber se ela realmente estava contra os russos ou se ela estava agindo para um objetivo maior que beneficiaria os próprios russos. A história se desenvolveu bem, mas parece que esqueceram de colocar a cena final antes de lançarem o filme. Ainda bem que deixei para assistir em casa e não fui ver quando estava em cartaz, porque eu ia ficar com muita revolta no meu coração (risos).

Tem filmes que mexem conosco, nos fazem refletir e emocionar. Mas tem filmes que é só para nos entreter nas horas de lazer e eu enquadro filmes policiais e de ação entre os últimos. Se o objetivo de Salt é deixar o espectador perdido, parabéns, conseguiram. Se não foi isso, acho que realmente não entendi o filme.

Você que chegou até aqui, assistiu esse filme e entendeu? Ou teve a mesma impressão que a minha?