Se não bastasse o ACTA, agora vem a lei Anti-Games

Os videogames, vistos por muitos como responsáveis por crimes que vão desde de assassinatos até a destruição eminente da humanidade, são cada vez mais caçados e a indústria se vê limitada a não ultrapassar linhas que outras mídias não tem problema nenhum em ultrapassar. Um exemplo é a ausência de pedestres em jogos de corridas ilegais e acho que isso é mais um maleficio do que benéfico, pois deixam de mostrar as consequências de atos ilegais como corridas clandestinas, como se você fizesse isso na realidade, ninguém iria morrer, o que não é verdade. Apesar desse exemplo, nenhum estudo até hoje, com uma indústria com quase 30 anos, conseguiu provar que alguma pessoa sequer foi influência negativamente pelos jogos, muito pelo contrário, várias pessoas resolveram ser arquitetos depois de jogar The Sims, viraram artistas por causa do Mario Paint ou simplesmente decidiram ser programador para um dia fazer os seus próprios jogos. Alguns estudos até dizem que jogos violentos fazem as pessoas descarregarem uma fúria reprimida em um mundo virtual, deixando de fazer isso no mundo real.

Tudo isso é muito legal, mas para algumas pessoas nada disso importa e é o que estamos vendo no Brasil com a lei apelidada “anti-games”:

Altera o art. 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, para incluir, entre os crimes nele previstos, o ato de fabricar, importar, distribuir, manter em depósito ou comercializar jogos de videogames ofensivos aos costumes, às tradições dos povos, aos seus cultos, credos, religiões e símbolos.

Seria bom ter uma lei mais especifica para classificar os jogos, mas isto não passa de CENSURA. Isto mesmo, CENSURA com uma pitada de DESINFORMAÇÃO e HIPOCRISIA.

Por que é CENSURA?

Porque isso ai pode proibir qualquer tipo de jogo. Por exemplo, pessoas podem ficar ofendidas com o modo que o jogo Mario Bros retrata os encanadores, o Gordon Freeman  pode ofende os cientistas, a Lara Croft pode ofende as mulheres, Assassin’s Creed pode ofende a igreja, enfim, eu não conheço nenhum jogo que não possa ser proibido usando essa lei, dos mais inocentes até os mais pesados. É uma lei que dá carta branca para proibir qualquer jogo.

Por que é DESINFORMAÇÃO?

Se uma lei dessas foi criada, com tamanha radicalidade, é porque querem proteger as “criancinhas”, porém esquecem que todo jogo aqui no Brasil vem com uma classificação indicativa própria do país e lógicamente, pela trilhonésima vez, tenho que falar: NEM TODOS OS JOGOS SÃO PARA CRIANÇAS! As pessoas pensarem que videogame é coisa de piralho é um preconceito lamentável, porém querem CENSURAR os jogos pensando que todos nós somos crianças já é demais. Se eles acham os jogos podem influenciar as pessoas, até adultos, estão achando isso sem NENHUMA base cientifica.

Por que é HIPOCRISIA?

Tenho certeza que esses políticos vão votar a favor da proibição e depois vão para casa assistir seu filme violento de ação hollywoodiano e deixar seus filhos assistirem a novela das oito, cheia de referências a sexo, violência e distorção de valores. Isso não é uma questão de proteger as pessoas, mas sim de ir contra tudo que eles não entendem.

Isso vai melhorar a situação?

Não. Pior ainda, vai destruir uma indústria que está caminhando no Brasil, que poderia criar um mercado interno forte e vários empregos (acho que todo mundo já sabe disso, mas a industria dos games já ultrapassou a industria do cinema em arrecadação), pois as pessoas não vão parar de jogar aqueles jogos que foram proibidos, apenas vão parar de comprá-los e jogar a versão piarata, já que são proibidos, assim como aconteceu quando erroneamente Counter-Strike foi proibido no Brasil por um mapa feito por fãs e os jogadores não pararam, muito pelo contrário, a proibição deu um novo gás para o jogo que estava caindo no esquecimento.

O que pode melhorar a situação no lugar dessa lei?

Criar um mercado legal no Brasil, coisa que projetos como Jogo Justo estão tentando e essa lei vai destruir tudo que foi feito, já que videogames não são drogas para serem comercializados na ilegalidade. Assim como um traficante, a pessoa que vende jogo pirata não vai se importar com a faixa etária indicativa para a venda do produto, já os donos de bar são proibidos por lei e fiscalização de venderem álcool e cigarros a menores de idade. Se tudo está na ilegalidade, não tem como o estado fiscalizar nada. Se o motivo de proibir é porque as crianças de qualquer jeito vão conseguir burlar a lei, então faz o seguinte: Por que não proíbem a playboy, a internet, o comercio de bebidas alcoólicas, internet, religião, televisão, TUDO?! Melhor ainda, acorrentem suas crianças em um quarto sem iluminação, porque assim é 100% garantia que não vai acontecer nada com elas. Nada mesmo, nem nada de bom, nem nada de mal.

 

Saiba mais:

Carta abertada Acigames (Associação Comercial, Industrial e Cultural de Games) contra o projeto de lei ANTI-GAMES do Senado

Lagcast sobre polêmica relacionadas a jogos

Guilherme Gamer falando sobre o projeto de lei anti-games: