{"id":15158,"date":"2015-07-01T22:40:22","date_gmt":"2015-07-02T01:40:22","guid":{"rendered":"http:\/\/www.putzilla.net.br\/?p=15158"},"modified":"2015-08-28T11:33:12","modified_gmt":"2015-08-28T14:33:12","slug":"a-menina-que-tinha-dons","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.putzilla.net.br\/a-menina-que-tinha-dons\/","title":{"rendered":"A menina que tinha dons – An\u00e1lise do livro"},"content":{"rendered":"

Se voc\u00ea acha que n\u00e3o h\u00e1 mais o que se fazer quando se fala em zumbi, recomendo que leia A menina que tinha dons, com certeza voc\u00ea vai se surpreender tanto quanto eu.<\/p>\n

Obra que inaugurou o selo F\u00e1brica 231 da Editora Rocco, A menina que tinha dons \u00e9 tamb\u00e9m a obra de estreia de M. R. Carey, pseud\u00f4nimo de Mike Carey, conhecido por ser roteirista de quadrinhos como X-Men e Hellblazer.<\/p>\n

Acredito que por ser roteirista, Carey conseguiu apresentar muito bem seu universo p\u00f3s-apocal\u00edptico, deixando algumas informa\u00e7\u00f5es primordiais para serem contadas mais tarde, dando um tom de suspense e estranheza a tudo em volta de Melanie.<\/p>\n

Melanie \u00e9 uma garotinha de 10 anos que vive numa base militar. Mas ela n\u00e3o \u00e9 uma garotinha comum, longe disso, ela e todos os seus colegas vivem constantemente amarrados, e no come\u00e7o n\u00e3o se sabe muito bem por que. Cada cap\u00edtulo \u00e9 contado sob a perspectiva de uma personagem diferente, ent\u00e3o aos poucos vamos ganhando pe\u00e7as para montar o quebra-cabe\u00e7as de Carey.<\/p>\n

\"A-Menina-Que-Tinha-Dons\"Aconteceu h\u00e1 20 anos, uma epidemia transformou os seres humanos em famintos – sim, de todas as 384 p\u00e1ginas, lembro de ter visto a palavra “zumbi” mencionada apenas uma vez – os sobreviventes est\u00e3o instalados longe da base, e nesta base funciona um centro de pesquisas sobre o fungo\u00a0Ophiocordyceps unilateralis <\/em>(que originalmente zumbificavam apenas formigas<\/a>).<\/p>\n

Al\u00e9m de Melanie, temos outros personagens conduzindo a narrativa, como o sargento Parks, a cientista Dra. Cadwell e a professora das crian\u00e7as, a Srta. Justineau. Mas as coisas come\u00e7am a ficar interessantes quando os lixeiros – n\u00e3o-famintos que virem em \u00e1reas desprotegidas – invadem a base de uma forma super \u00e9pica (foi genial!) e os quatro personagens, acompanhados pelo soldado Gallagher precisam fugir para encontrar a prote\u00e7\u00e3o de Beacon.<\/p>\n

Logo que as coisas come\u00e7am a se esclarecer, d\u00e1 para perceber que Melanie \u00e9 uma faminta, mas porque ela tem consci\u00eancia e \u00e9 super inteligente \u00e9 o motivo para a base existir e ter outras crian\u00e7as na mesma condi\u00e7\u00e3o terem estado presas por todo esse tempo. E esse \u00e9 o grande objetivo da Dra. Cadwell: descobrir porque o fungo n\u00e3o fez com essas crian\u00e7as o que fez com os famintos.<\/p>\n

\u00c9 muito dif\u00edcil n\u00e3o criar empatia por Melanie, principalmente quando ela se mostra t\u00e3o amorosa com a Srta. Justineau, por quem ela nutre uma verdadeira admira\u00e7\u00e3o. Dra. Cadwell \u00e9 desprez\u00edvel, ningu\u00e9m a suporta. J\u00e1 o sargento Parks tem uma mudan\u00e7a na sua postura ao longo da jornada que faz com que a gente tor\u00e7a por ele no final.<\/p>\n

A menina que tinha dons tem um final inesperado\u00a0e bizarro. \u00c9 uma narrativa de sobreviv\u00eancia, super plaus\u00edvel com o que pode acontecer \u00e0 humanidade caso o\u00a0Ophiocordyceps<\/em> sofresse uma muta\u00e7\u00e3o capaz de parasitar humanos. \u00c9 uma narrativa gostosa, bem balanceada na a\u00e7\u00e3o e no drama. Um verdadeiro ref\u00fagio em meio \u00e0s in\u00fameras distopias e obras p\u00f3s-apocal\u00edpticas.<\/p>\n