Goldstone Kapers Capítulo 1 – A Chegada

Goldstone. Por volta das 8 horas da manhã.

O anúncio da porta-voz da estação anunciava a chegada do trem, partindo de Fri, passando por várias cidades até chegar a Goldstone, uma cidade cuja grande parte da economia se baseava no comércio e extração de ouro.

Do trem, desceram vários tipos de pessoas: trabalhadores à procura de um sonho; executivos em viagens de negócios; mães acompanhadas de seus filhos etc. No meio dessa gente, estava uma mulher encarregada de um trabalho de escolta de um outro trem que sairia alguns dias depois com um carregamento de ouro. Assim que desceu do trem, ela alongou os braços, tentando colocar o corpo para funcionar após uma longa noite de sono e começou a procurar pela pessoa que estava encarregada de recebê-la na estação. Ela procurou por volta de trinta segundos até que viu um homem de terno preto, segurando uma placa escrita “Alice Carm”. Vendo que o nome dela estava escrito na placa, ela seguiu na direção dele e perguntou:

– Você é o cara que me disseram que ia me encontrar aqui?

– Depende – respondeu. – Você é o tal do Demônio Azul que me falaram?

– Se falaram bem, sim. – Disse Alice.

O homem deixou soltar uma expressão de dúvida.

– Estranho, mas pelo nome não era pra ser alguém mais… – ele tentou encontrar alguma palavra que completasse a frase sem parecer ofensivo.

– Másculo? – completou ela.

– Sim.

– É, dizem muito isso pra mim. – Alice alongou novamente os braços, tentando fazer alguma reserva de energia escondida funcionar no momento. – Então, vamos?

– Ah, é claro. – disse, ajeitando a roupa. – Deixe- me levá-la até o carro.

Alice seguiu o homem até o estacionamento da estação e andou até chegar a um carro preto.

– Você gosta de ir na frente ou atrás? – perguntou o homem, retirando as chaves do bolso para destravar o carro.

– Eu gosto de ir na frente- respondeu. – Mas acho que hoje vou atrás mesmo.

O homem abriu a porta de trás do carro para ela entrar e em seguida sentou-se no assento do motorista. Ele colocou a chave no lugar e pressionou um botão do lado dela, que reconheceu a assinatura dele e logo acendeu um painel debaixo da saída de ar- condicionado, autorizando a partida do carro. Assim que terminaram de sair do pátio, o homem procurou conversar com a mulher, seja para tentar aliviar o clima ou para conhecer melhor a pessoa que a empresa dele havia contratado e que, portanto teria que trabalhar nos dias seguintes.

– Então você é freelancer?

– É – respondeu ela, enquanto olhava para fora através da janela.

– E por que decidiu isso? – continuou perguntando.

– Parecia interessante quando eu vi.

Percebendo que a conversa não avançaria muito, ele procurou mudar de assunto.

– Quer ir pra onde? Afinal, a coisa de verdade só acontece amanhã.

Alice retirou os olhos da janela e os direcionou ao motorista.

– Tem algum lugar bom pra comer? Não consegui comer muita coisa até agora.

Percebendo que havia conquistado o interesse dela, o motorista esboçou um sorriso. Ele então tirou uma das mãos do volante e acessou o painel do carro, procurando pelo restaurante mais perto deles.

– Conheço um que você vai adorar – disse, tentando fazer parecer que conhecia o local.

– Serve bolo? – ela perguntou, com um certo brilho no olhar.

– Acho que sim. Nunca procurei saber, mas acho que serve.

– Ótimo – e voltou a olhar pra janela.

– A propósito, eu sou John McJohnson – disse o motorista, tentando ser cordial, uma das regras adotadas pela empresa para atrair novos clientes. Afinal, ela não andava muito bem por causa de escândalo ocorrido dentro da própria empresa e precisava de mais gente pra fazer o dinheiro voltar a fluir para eles. Então, eles obrigaram os empregados a sempre serem educados com os clientes. Isso e usar roupas de marca para dar mais confiança. – Prazer em conhecê-la.

– Prazer – disse Alice novamente sem retirar o olhar da janela.

– Sou da Goldstone Mineradora – continuou.

– É, eu sei disso – respondeu. – Tava lá na proposta de serviço quando eu vi.

– Uma empresa dedicada a dar aquele arzinho dourado nos seus sonhos.

– É, eu sei disso também. Tava lá também.

Nesse momento o rosto de John foi tomado por uma expressão de raiva. Ele não gostava muito quando era contrariado.

– E o que é que você não sabe então, hein?!

Alice olhou pra ele sem mexer o rosto e respondeu?

– Só o que não estava por lá. – e voltou a encarar a janela.

Diante de tal resposta John calou-se e decidiu continuar dirigindo. E esse clima silencioso continuou até chegarem ao restaurante.