Ser verdadeiramente original é algo impossível. Muita gente tenta fazer algo que nunca foi pensado ou que nunca foi visto, mas muitas vezes descobre que alguém já fez aquilo, pois afinal de contas, nosso planeta tem bilhões de pessoas e nossa raça tem milhares de anos na Terra. Por este motivo, classifico “A Origem” um produto original, pois pode ser que a ideia dele já tenha sido usada em filmes como Matrix, Paprika e a Hora do Pesadelo, porém o que faz uma obra original no meio de todas essas ideias é uma abordagem nova. Mesmo que descorde que é algo original, vai concordar que pelo menos tentaram fazer algo diferente do que é visto hoje em dia no cinema blockbuster de Hollywood.
O novo filme do renomado diretor Christopher Nolan (Batman: Cavaleiro das trevas, Amnésia, O Grande Truque), conhecido por sua linguagem de cinema independente que agrada muito bem o grande publico, volta com mais uma obra prima para mostra de uma vez por todas que seu sucesso não é coincidência.
A trama é sobre um grupo de ladrões que invadem os sonhos das vitimas para roubar informações confidênciais. O segredo para fazer isso é fazer a vítima pensar que está no sonho dela, mas na verdade ela está no sonho de um golpista, cujo cenário e ações são moldadas para ele entregar informações e no final do roubo a vitima nem irá saber que foi roubada e sim pensará que foi apenas um sonho. Depois de se mostrarem capazes no que fazem, o grupo é contratado para fazer algo considerado impossível: No lugar de roubar uma ideia, eles terão que inserir uma usando o sonho da vítima. Assim o filme vira uma mistura de filme de assalto como 11 homens e um segredo (só que sem piadinhas) e Paprika (viagem no mundo dos sonhos usando máquinas), pois fazer tal fato considerado impossível não é para qualquer um e vai exigir muito planejamento.
Assim como “Amnésia”, “A Origem” não é um filme que perde tempo explicando coisa inúteis e muito menos sendo didático demais. Ele mostra como as coisas funcionam uma vez e se o espectador estiver desatento, pode não entender, muitas vezes mostrando fatos que só serão explicados mais para frente na trama e pode acontecer do espectador ter esquecido aquele fato mostrado sem explicação, descartando naturalmente coisas impossíveis de se entender naquele momento e quando chega o momento da resposta, você já esqueceu a pergunta e por este motivo é certamente um filme que apesar da bilheteria alta, divide opiniões e que não vai agradar todos os gostos, pois existem aqueles que naturalmente não querem pensar vendo um filme e outros que acham a construção do roteiro desnecessariamente e propositalmente confusa, pois era só mudar um pouco a ordem das explicações com os eventos e ficaria fácil de entender tudo. O filme naturalmente foi feito para um terceiro grupo de pessoas, os que gostam de um filme confuso, um verdadeiro quebra-cabeças cinematográfico que você vai montando as peças enquanto assiste o filme, quando termina de vê-lo e quando volta a assistir.
Leonardo DiCaprio, que interpreta o personagem principal deste filme, a tempos já vem mostrando que não é mais um rosto bonito em Hollywood, pois está indo muito além disso, escolhendo ótimos filmes para estrelar, mas não se acomoda com o bom roteiro deles, atuando bem e neste filme não é diferente. Outro rosto conhecido no filme é da atriz adolescente Ellen Page, que se consagrou em Juno, mas já tinha mostrado seu talento em X-men 3 e “Garota má.com”, mas nesse filme ela não chega a impressionar, apenas cumpre o seu papel, porém isso pode ser um problema da própria personagem novata no grupo, que está lá para ser um recurso cinematográfico no qual o publico poderá entender aquele mundo já que tudo é explicado a ela.
A trilha sonora é algo que merece destaque, porque ela não é apenas muito boa, mas se encaixa muito bem com o que é mostrado na tela, além de ser extremamente marcante. Eu pelo menos sai do cinema com ela na minha cabeça.
Certamente “A Origem” chegou para dar um tapa na cara de Hollywood, que não estava mais se arriscando em roteiros originais para o cinema, praticamente vivendo de adaptações, remakes e fórmulas batidas. O mais recomendável é que não fique com expectativa só porque “todo mundo” fala bem do filme, ele pode ser bom para eles e não para você (além desse pensamento vai destruir o monstro da expectativa que destrói qualquer coisa boa, provavelmente o responsável por muita gente achar que esse filme é ruim).