Venho pensando nessa ideia de “Novo crash dos videogames” faz um tempo, desde lançamento do GTA 4, no qual o custo de produção foi mais caro que o Shemmue, o jogo que conseguiu enterrar de vez a Sega no consoles. Ali eu percebi que a indústria estava entrando em um caminho perigoso, fazendo jogos com escopos enormes, cheios de possibilidades, mas não tendo tecnologia o suficiente para diminuir a mão de obra e consequentemente os gastos de produção. Quando eu falei isso na época, as pessoas riram da minha cara e pensaram que eu era um desde malucos que ficam com uma placa de “o fim está próximo” nas ruas e fui obrigado a ficar calado, pois cheguei a pensar que realmente estava maluco por cogitar que algo assim poderia virar uma realidade. Pois é, Lucas Arts e THQ faliram mesmo não trazendo jogos ruins, para a surpresa de muitos que inicialmente ficaram chocados com a notícia. E assim eu declaro o fim ou um reboot do modelo de negócio atual que já mostrou que não está dando certo, mas vamos com calma, pois existem razões para acreditar que o novo crash dos videogames vai acontecer e outras razões para que ele não aconteça.
Orçamentos gigantescos e arriscados
Mesmo jogos aclamados pela critica, não consegue ir bem nas vendas. Até sequências de sucesso, que aumentam drasticamente o que o jogo original fez, não são garantias de lucro, muito pelo contrário, Darksiders 2, quase que sozinho, conseguiu fechar a portas da THQ e apenas com o medo do investimento dos jogos de Star Wars não darem certo, a Disney fechou a Lucas Arts. Tá certo que as produtoras de jogos sempre deram bolas foras, mas nunca foi tão arriscado produzir jogos blockbusters e a tendência é que a coisa piore.
O mercado cobra por jogos mais complexos
Comentários de pessoas que não acreditam no crash dizem que o mercado já amadureceu bastante e esse tipo de coisa não tem mais como acontecer, porém não é o que vemos, já que a cobrança por jogos cada vez mais cheios de possibilidades não param, entretanto os kits de desenvolvimento não estão acompanhando essa necessidade e assim, gradativamente, as equipes de produção estão crescendo. Já é normal que pelo menos duas equipes separadas trabalhem no mesmo jogo, uma com o single player e outra o multiplayer. Esse ciclo de destruição parece que não tem como parar, pois se uma empresa resolve trazer um jogo com um escopo reduzido, vai sofrer com a concorrência, como o Bioshock que amargou por não ter multiplayer justamente por causa da venda de jogos usados, feita por pessoas que já tinham terminado o game e não queriam voltar a jogá-lo. Algo parecido aconteceu com Spec Ops: The Line, que preferiu trazer menos possibilidades de gameplay e sofreu nas vendas. É legal que a produção cresça, entretanto o que eu estou vendo se parece um pouco com a crise de 1929, no qual as pessoas começam a produzir sem se preocupar se tem gente para consumir e mesmo vendendo milhões de cópias, as vendas não cobrem os custos de produção.
Nintendo
A tão criticada Big N parece que é a única das produtoras de console que entende a bola de neve que está chegando. Ainda não suporto a censura a canais do youtube e controle excessivo que ela quer fazer com suas marcas, mas se um crash acontecer, a Nintendo pode ser que fique de pé. A ideia dela de inovação com o controle tablet não deu muito certo, mas um hardware mais fraco que não aguenta jogos complexos, força quem quer queira produzir para o “Wii U” a gastar menos. Até os seus jogos exclusivos da Nintendo vendem pouco, mas garantam lucros por ter um custo de produção menor, diferente de exclusivos de outras empresas, como a série Uncharted, que rendem prejuízos, mas vendem os consoles.
Indies
Com orçamentos minúsculos e preços de venda atrativos ao consumidor, produtoras indies conseguem prosperar usando a criatividade, correndo do que as grandes empresas estão fazendo.
Mesmo que haja um novo crash dos videogames, não acredito que será tão grande quando o da década de 80, no qual as pessoas pensavam que a ideia de videogame era uma moda passageira, mas muita gente vai quebrar e um novo modelo de negocio, um que seja mais seguro, vai virar modelo.