E se você pudesse voltar no tempo e mudar aquela decisão que tomou, mas não gostou do resultado? Isso abre um leque de possibilidades, e é assim que começamos o primeiro episódio de Life is Strange. Uma aventura episódica da Dontnod, estúdio também responsável por Remember Me, que conta com versões para PC, PlayStation 4, Xbox One, PlayStation 3 e Xbox 360. O título se baseia fortemente na fórmula dos jogos da Telltale e Quantic Dream, na qual as escolhas tomadas durante a história terão consequências futuras. Entretanto, ele traz um ingrediente adicional: a possibilidade de rebobinar o tempo e modificar suas ações, alterando também as consequências delas. E são elas que tornam a coisa toda mais interessante de se acompanhar.
Na pele da jovem Max, descobrimos sua incrível habilidade de retornar no tempo, ao presenciar um assassinato no banheiro do colégio. Conforme o andamento da trama, vamos desbloqueando uma série de mecânicas para voltar em nossas decisões e alterar os acontecimentos, dessa forma se tornando o melhor amigo de uma pessoa ou seu pior inimigo, salvando alguém de levar uma bolada na cara e até mesmo, evitar ou não, a morte de um personagem. Essa habilidade também confere a Max, visões de uma grande desastre que está prestes a destruir a cidade onde Maxine atualmente reside, Arcadia Bay, o qual ela decide evitar a todo custo.
O grande atrativo do jogo está em como cada personagem foi cuidadosamente desenvolvido. Mesmo personagens bem secundários, que contribuem pouquíssimo para a trama, têm uma personalidade bem marcada e diferente. O meu personagem preferido nessa história toda é o Grahan, colega de escola da Max. Ele é maneiro de um jeito nerd e inusitado de ser, isso me cativou muito – além dele, gostei bastante do Frank, um traficante que mora em um trailer com seu cachorro adotado. Claro, não posso esquecer de nossa protagonista, Max, e sua sidekick, Chloe, que são as preferidas da grande maioria dos jogadores. Inclusive, em diversos momentos, Chloe rouba a cena com seu jeitão impulsivo, rebelde, punk, de quem não leva desaforo para casa, deixando a pobre Max meio apagadinha na trama.
Não há dúvida que todo esse cuidado com o desenvolvimento dos personagens ajuda, e muito, para o desenrolar da história, e nos aproxima mais dos dramas que a jovem Maxine passa ao lado de Chloe, em busca de desvendar um mistério que cerca o desaparecimento de outra aluna da Blackwell Academy, Rachel Amber.
Ao longo da trama nós nos compadecemos de Chloe e do seu empenho/desespero atrás de sua melhor amiga desaparecida, ao mesmo tempo em que acompanhamos o florescer de diversos relacionamentos dentro da trama.
Além de tudo isso, Life is Strange também conta com uma direção de arte impecável e uma trilha sonora cuidadosamente elaborada para te ajudar a imergir na realidade de Arcadia Bay, e nos dramas cotidianos de seus moradores – onde a música contribui muito para criar uma atmosfera adequada a cada momento na vida dos personagens. Ainda é possível completar uma sidequest tirando fotos do ambiente ou de pessoas ao longo do jogo, e cada foto tirada fica registrada no diário pessoal de Max.
Life is Strange é um ótimo passatempo, seja para jogar sozinho ou acompanhado de outro pessoa, amigo ou namorado(a). Muitas vezes, uma decisão difícil pode ser tomada com o pitaco do outro, e isso torna tudo mais divertido.
O jogo já tem todos os 5 episódios disponíveis para compra. Na Steam, o pacote completo sai por R$36,99. Não é caro e vale a pena.