RPG no Brasil, pt2

Na Matéria passada (http://www.putzilla.net.br/ptz/rpg-no-brasil-pt-1/) paramos diante dos anos 2000. Agora entraremos no ano que teve mais material, sejam eles novos sistemas ou cenários, todos com mãos de escritores brasileiros (incluindo alguns que não entraram nessa matéria (http://www.putzilla.net.br/ptz/rpg-nacional-o-mercado-brasileiro-nunca-esteve-tao-bom/). Muitos acreditam que essa época foi a decadência do RPG; a chamada “crise do RPG” pairava pelos ares, e esta era muito comentada (e satirizada). Tivemos certa queda nas criações devido ao sistema de licença aberta (OGL) da Wizard of the Coast, que acabou gerando muitos “filhos” abusando das suas regras e menos sistemas próprios. Alguns caíram ou foram abandonados, outros tentavam se manter ainda, e outros se adaptaram às novas regras. Apenas com o abandono da Wizard de seu próprio produto e o desagrado que a 4th edição gerou, sistemas antigos retornaram reformulados e muito melhorados, outros começaram a aparecer com estilos de cenário não tanto explorados, e, em especial, mais e mais jogadores começaram a ousar e ir atrás de outros estilos de jogo, permitindo que o RPG mudasse seu estilo: de um jogo com fichas e dados, para modelos usando cronômetros, sistemas sem mestre totalmente narrativos e até mesmo com biscoitos, todos sem sair da premissa do RPG dita pelo Marcelo Cassaro: “Se você não está se divertindo, não está jogando direito”.
s_MLB_v_V_f_2887774202_072012Utopia/Genesis (2003): Difícil comentar sobre eles, afinal a empresa teve diversos problemas. São conhecidos principalmente pelos que trabalham com essa área ligada ao RPG. O cenário Gênesis prometia uma visão de mundo geral-medieval para o sistema Utopia, focando mais no cenário que no sistema, nesse caso o mundo de Kryptus. Não tive oportunidade de pôr minhas mãos em um desses livros, mas, segundo informações, suas imagens eram pesadas, com muitas pornografia, e teve um grande problema com revisão.Ação!!! - capa.p65Ação!!! (2004): Lançado como módulo básico (e simples) pela falta de um sistema ambientado no mundo moderno, usando o sistema D20 e inspirando no seu vizinho D20 Modern, teve suas muitas classes comportada em apenas 3 únicas, Lutador, Sobrevivente e Perito. Infelizmente, Ação!!! não conseguiu reconhecimento suficiente, e acabou encalhando; seja pelo sistema simples ou pelo estilo moderno, Ação!!! acabou caindo no esquecimento. O autor, Marcelo Cassaro, liberou seu download gratuitamente, para quem tivesse interesse, em seu formspring.
http://www.formspring.me/MarceloCassaro/q/689374722?utm_medium=social&utm_source=twitter&utm_campaign=shareanswer

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Clavius/Crepúsculo (2004): O sistema Clavius foi criado pela Editora Conclave para ser usado com seus produtos, incluindo o cenário Crepúsculo, que coloca jogadores dentro de uma guerra entre a Ordem e o Caos. Infelizmente, em plena era D20, ele, assim como muitos, acabou ficando apagado.
invasãoInvasão/Daemon (2004): Assim como Tormenta teve seu lado Daemon, Invasão é meio que o UFO Team Daemon. Assim como foi feito com Tormenta, Invasão recebeu uma roupagem um pouco mais séria que a versão 3D&T. Sinceridade: sempre adorei UFO Team, a ideia de alienígenas vivendo escondidos em meio à sociedade, governo fazendo experiências e guerras entre raças alienígenas, Cap Ninja vs Rogue Hunters, sempre me fascinaram, e gosto muito desse cenário brasileiro criado. Gostaria muito que voltasse, independente do sistema.mitica-os-caminhos-do-oriente-rpg-d20_MLB-O-228645714_4387

Mítica, Caminhos do Oriente (2004): Tive a oportunidade de ter 2 dos 3 livros; infelizmente, justo o que não tive foi escrito pelo Tio Nitro. O cenário apresentado para o sistema D20 girava em torno dos reinos orientais, não apenas Japão, como é mais comum, mas também China e Índia. Além de apresentar novas classes, gerou também um mundo próprio, com seus deuses e criaturas. É um sistema que infelizmente morreu, mas gostaria que retornasse, em especial com esse levante das empresas de RPG atuais.
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Opera RPG (2004): Sistema genérico criado para ter flexibilidade de regras, assim como tantos, mas diferente desses com ajuste em níveis de realismo para não forçar a barra jogando estilos mais sérios, como terror, ou mais animação, como o de animes, por exemplo. Acabou não sendo lançado previamente devido a problemas, sendo lançado apenas tempos depois por outra editora.
NexusZeroNexus RPG (2005): Eu deveria comentar do sistema Nexus D6 que saiu no RPG e Cultura na Paraíba, mas, caçando sobre o mesmo, encontrei o site pessoal do autor e vi que o sistema ainda está ativo, e acho válido comentar sobre. Infelizmente, não achei o sistema básico para conhecer, apenas o Nexus Zero, que é a versão atual do sistema original, que parece ser uma mistura de vários sistemas conhecidos, pelo que pude ver superficialmente. Aconselho darem uma olhada no site e conferirem, afinal, está muito bem feito.
http://nexusbr.blogspot.com.br/
RPG quest capaRPGQuest (2005): Sistema que volta mais às origens que esses tantos que dizem, afinal, une de forma primorosa RPG e tabuleiro. O sistema é simples, feito justamente para quem esta começando ou quer ingressar nesse mundo. Já teve muitas “expansões”, com cenários variados, passando desde a Roma antiga até o Japão feudal, todas com monstros novos, personagens e, principalmente, tabuleiros e diagramas de personagens.
http://www.daemon.com.br/home/index.php/rpgquest/OgAAAPfzf8tv0qJTe44IB0CQqAIDfKGX4wAglVuZHKFOHjMosgTVwp0m8_jMTezce42ceWUUi_VgvQVvjf-Yo4GuuvoAm1T1UMFYaW2WcXDh8n8co4uTCPsWYMGc
Vikings: Midgard (2005): Lançado originalmente pela Conclave, como cenário para o sistema D20, utilizando o tema nórdico como inspiração, teve uma 2° edição adaptada para o sistema atual D&D 4.0. Sua arte interna é muito linda, e o livro aposta na informação do cenário. O cenário tem tudo para ser um desafiante a altura de Tormenta RPG, na minha opinião. Atualmente é possível encontrá-lo ainda à venda, e aconselho muito adquiri-lo, mesmo que seja para ter na estante: vale cada centavo gasto.
http://conclaveweb.com.br/vikings/
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Mighty Blade RPG (2007): RPG criado pelo Coisinha Verde, grande conhecido pelo seu card game “Card Goblins”, e por mim pelo maravilhoso “Malditos Goblins”. Mighty Blade é um sistema simples, como diz o próprio site, baseado em um cenário medieval qualquer a escolha dos jogadores, e usando apenas de dados de 6 lados (d6). Através de suas 56 páginas, disponível gratuitamente no site, qualquer um pode começar a fazer suas aventuras. O sistema é bem interessante, mas na minha maldita opinião, ainda não vence o sistema maravilhoso e insano de “Malditos Goblins” haha.
http://www.coisinhaverde.com/mightyblade/
mi1_829RPG Desafios (2009): Sinceridade, não achei nada sobre ele, mas fiquei curioso com a descrição “O uso do jogo terapêutico RPG Desafios para o treino de habilidade para prevenção e tratamento do uso de drogas”. Se alguém tiver informação e puder compartilhar, fiquei bem curioso sobre esse sistema.
Descrição que encontrei em um site de compras: “O RPG Desafios é um jogo terapêutico fundamentado na Terapia Cognitivo-Comportamental que tem como objetivo treinar habilidades para enfrentar as situações de risco que o adolescente encontra para o uso de substâncias psicoativas, como: não conseguir namorado(a), ir mal na escola, etc. Além disso, pretende corrigir crenças distorcidas relacionadas ao efeito das drogas, demonstrando que seu uso não é uma saída mágica para resolver os problemas. É útil na prevenção/tratamento do uso dessas substâncias, podendo ser utilizado por terapeutas, pedagogos, pais ou adolescentes que querem se divertir.”tormenta1Tormenta D20 (2010): Antes de Tormenta crescer e virar seu sistema próprio, e atualmente muito melhor, ele também teve sua passagem pelo sistema D20. Bem, não há o que dizer além das citações aos gigantes “O Panteão” e “Áreas de Tormenta”, que surgiram ainda nessa fase.od-livrobasicoOld Dragon (2010): Tentando voltar ao estilo mais antigo do D&D, mais especificamente o primeiro sistema como First Quest, ou as clássicas caixas da Grow, jogadores resolveram criar o sistema de Old Dragon usando um estilo “old school”, como eles mesmo gostam de dizer, retornando àquele estilo clássico de exploração de masmorra sem muita frescura, simplesmente alguns equipamentos como tochas, um preparar de magias ou símbolo divino, verificar se as espadas e escudos estão prontos, e descer as escadarias para matar monstros, bem naquele estilo de quando você aprendeu a rolar os dados.
http://olddragon.redboxeditora.com.br/
Cachorros-Samurais-House-Rules-600x423Cachorros Samurais (e Biscoitos, 2011): Lembra quando falei que “A Fita” era um dos RPGs que estava aguardando ansioso? Pois então, este também entrou na lista. O cenário é simples, nada muito diferente do RPG Mouse Guard, mas usando cães ao invés de ratos; não apenas cães, mas cães samurais. Tá, e qual a graça do sistema? Bem, ele não usa dados: ele usa biscoitos. Sejam amanteigados, bolachas maria, maisena, ou recheados, o importante é que você vai usá-los (e comê-los) e muito na mesa para ativar suas técnicas especiais, ou apostar. Esse definitivamente é o coração do sistema. Quem precisa de dados/cartas/cronometro quando temos biscoitos em jogo? Apesar do sistema ainda não estar plenamente concluído, o autor Alan Silva liberou o playtest do sistema (que me entristece não ter uma regra de criação de personagem, senão já estaria surtando com os amigos) e a página do Facebook libera mais e mais reportes de sessões, dicas e novidades. Espero muito que o sistema não encalhe e o projeto seja lançado, pois além de ser um cenário querido, que é o oriente, temos um sistema de troca delicioso. E concluo comendo um biscoito doce salpicado de açúcar, nhum. (favor não usarem a técnica Gulodice contra mim).
http://houserules.com.br/site/jogos/cachorros-samurais/

Com isso, concluo essa matéria; infelizmente, há a possibilidade de ter esquecido um ou mais material nacional, ou é por desconhecimento ou por esquecimento mesmo. Caso alguém se recorde de algum, deixe no comentário; quem sabe surge em uma matéria futura.